terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A Santa Inquisição - Defesa da Fé

Segue abaixo uma defesa da fé católica, difamada por um texto no site: infoescola, onde a autora Caroline Faria age de forma tendenciosa, agredindo a Igreja católica com fatos históricos não embasados, sem citar nenhuma fonte para os argumentos que ela utiliza.

O texto transcrito abaixo limita-se apenas nas explicações aos falsos argumentos utilizados pela autora. A opinião do autor das explicações pode ser lida em texto integral em seu blog, com as informações no final desta postagem.

Abaixo, a argumentação:

Caroline Faria: "A Inquisição, ou Santa Inquisição foi uma espécie de tribunal religioso criado na Idade Média para condenar todos aqueles que eram contra os dogmas pregados pela Igreja Católica."

O texto já começa bem. A Inquisição não foi uma criação para CONDENAR, mas para JULGAR os hereges e as heresias. De que serviria uma instituição que criou um processo, se servisse tão somente para proferir condenações? A isso o próprio povo e os braços seculares da sociedade já faziam e, até nos dias atuais, na sociedade laica em que vivemos ocorre. O que a Igreja fez foi criar uma instituição jurídica que servia justamente para apurar se realmente havia heresia perante a fé cristã.

Caroline Faria"Fundado pelo Papa Gregório IX, o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição mandou para a fogueira milhares de pessoas que eram consideradas hereges (praticante de heresias; doutrinas ou práticas contrárias ao que é definido pela Igreja Católica) por praticarem atos considerados bruxaria, heresia ou simplesmente por serem praticantes de outra religião que não o catolicismo."

Primeiro, longe do que ser exclusividade da Igreja Católica, mandar para a fogueira foi uma prática de época, adota posteriormente por protestantes calvinistas que queimavam justamente, católicos!

Por outro lado, gostaria saber de onde a autora se baseia para mensurar os “milhares” que teriam sido mandados à fogueira. Pois não cabia aos tribunais inquisidores a execução da pena, mas sim ao braço civil do Estado. Dizer que o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição mandou para a fogueira milhares de pessoas que eram consideradas hereges é preguiça de buscar informação, repetindo a ladainha que deve ter ouvido na faculdade, ou melhor, pura burrice mesmo. Bernardo de Guy, um famoso inquisidor dominicano, no período de 15 anos proferiu 930 sentenças, sendo elas: 139 absolvições, 132 penitências canônicas, 152 peregrinações, 307 prisões e, agora sim, 42 entregas ao poder civil, estas destinadas às execuções (Historia da Igreja, Daniel Rops, vol. IV, Ed. Quadrante, pág. 605, 1996, em Prof. Felipe Aquino, pag. 140, Ed. Cléofas).

Esquece a autora do detalhe de que houve pessoas condenadas por práticas contrárias à fé também pelo Estado, sem haver participação da Igreja, como os reis Roberto, o Piedoso em 1022 em Orleans, e Henrique III, em 1052, que mandava seus inimigos para a forca. Não é exagero dizer que a Santa Inquisição surgiu para evitar abusos e racionalizar os processos contra as heresias.

Caroline Faria"A verdade é que embora o apogeu da Inquisição tenha se dado no século XVIII, as perseguições aos hereges pelos católicos, têm registros bem mais antigos. No século XII os “albigenses” foram massacrados a mando do Papa Inocêncio III que liderou uma cruzada contra aqueles que eram considerados os “hereges do sul da França” por pregarem a volta da Igreja às suas origens e a rejeição a opulência da Igreja da época."

A única obra que já li onde os cátaros são vistos como pobres vítimas massacradas por católicos foi no livro ‘O grande conflito’ de Ellen G. White. Mas lá, mais desonestamente ainda a abençoada escritora deturpa a História com mentiras a fim de confundir quem lê e combater a Igreja. A diferença entre ela e a autora deste texto é que ela assume mais explicitamente seu anticatolicismo.

Os cátaros não buscavam uma volta da Igreja às suas origens, mas na realidade, professavam crenças gnósticas, e acreditavam que tudo o que fosse material e carnal deveria ser repelido, destruído. Proibiam o casamento, a posse de bens materiais e saqueavam e destruíam fazendas e promoviam suicídios coletivos e assassinatos. É óbvio que, mesmo na sociedade medieval, onde não havia um culto exagerado do corpo como nos dias atuais, mas sim da alma, tais práticas despertaram a reação do povo.

Hoje são vitimados a fim de servir de cavalo de batalha contra a Igreja. Mas por que então não defendem suas práticas? Ao invés, fazem tudo ao contrário da doutrina albigense, como o culto do corpo, acúmulo de bens materiais. Para eles, a vida mundana dos ateístas e ideólogos de esquerda, com a busca insaciável pela realização material terrena, seria tudo fruto do Princípio do Mal...

Caroline Faria: "Em 1252, a situação que já era ruim, piora. O Papa Inocêncio IV publica um documento, o “Ad Exstirpanda”, onde autoriza o uso da tortura como forma de conseguir a conversão. O documento é renovado pelos papas seguintes reforçando o poder da Igreja e a perseguição."

A tortura não era o único, muito menos o principal, meio de prova. Falo em ‘meio de prova’, pois esse era o objetivo do processo contra a heresia, e não conseguir a conversão, já que essa era uma possível consequência no decorrer ou ao final da apuração do fato. Havia restrições, limites no uso da tortura, que a autora parece desconhecer. Se ao menos se desse ao trabalho de buscar o documento a que se refere, lá ela encontraria: “que os hereges capturados, sendo assassinos de almas, bem como ladrões de sacramentos de Deus e da fé cristã, (...) devem ser coagidos - como ladrões e bandidos - a confessar os seus erros e acusar os outros, embora se deva parar quando há perigo para a vida ou a saúde". Além disso, deveria haver outros meios de prova, pois tão somente a confissão sob tortura não tinham validade para a condenação. Inúmeros santos e teólogos da Igreja, posteriormente se manifestaram sobre o assunto, sendo que atualmente o Concílio Vaticano II se posicionou que a tortura é contrária à dignidade humana e condena de maneira inequívoca "tudo aquilo que constitui uma violação da integridade da pessoa humana, como são as mutilações, as torturas morais ou físicas ou as pressões psicológicas" (Concílio Vaticano II, Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, [7 de Dezembro de 1965], n. 27).

A longa discussão durante séculos, dentro da Igreja, antes mesmo de qualquer ateísta se dar ao luxo de pensar o que é dignidade humana pode ser encontrada na página que reúne comentários sobre inúmeros documentos e escritos de santos: http://translate.googleusercontent.com/translate_c?anno=2&hl=pt-BR&rurl=translate.google.com.br&sl=en&tl=pt&u=http://www.rtforum.org/lt/lt119.html&usg=ALkJrhiNwwRyzlqTQHkEtfuf99tiWXJ6cw ).

Caroline Faria"A Inquisição tomou tamanha força que mesmo os soberanos e os nobres temiam a perseguição pelo Tribunal e, por isso, eram obrigados a ser condizentes. Até porque, naquela época, o poder da Igreja estava intimamente ligado ao do estado."

Como comentado acima, a Inquisição serviu de freio ao braço secular do Estado, responsável pela execução de penas. Soberanos e nobres não foram obrigados a ser condizentes com a perseguição do Tribunal, mas sim a seguir suas regras. Ao contrário, os fanáticos e poderosos da época já não condenavam por todo e qualquer motivo, muitos dos quais, que sequer eram religiosos. Foi um avanço para a época.

Caroline Faria"Mais terrível que qualquer episódio da história humana até então, a Inquisição enterrou a Europa sob um milênio de trevas deixando um saldo de incontáveis vítimas de torturas e perseguições que eram condenadas pelos chamados “autos de fé” – ocasião em que é lida a sentença em praça pública."

Aqui são dois pontos distintos colocados em um prato só.
Primeiramente quanto ao “autos de fé”. Antes de se chegar ao ‘saldo de incontáveis vítimas de torturas e perseguições” havia outras etapas:

I – Prédica solene (convocação dos hereges).
II – Edito de perdão (a chance que o acusado tinha de se arrepender e lhe ser aplicada uma penitência).
III – Edito de Fé (o povo promovia a acusação).
IV – Daí sim o Auto de Fé (quando o réu era julgado e, caso condenado, era entregue ao braço secular do Estado, o responsável por promover a execução e não a leitura da sentença em praça pública).

Ou seja, o Estado e o povo, já não mais podiam condenar desenfreadamente. Aliás, a Europa da época, rural como era e em um longo período de vários séculos, não tinha uma vasta demografia que justifique o saldo de “incontáveis vítimas”. Não sei o que a autora vê de educativo, em inflar números. Isso ou é preguiça intelectual ou é pura artimanha mentirosa mesmo.

Por outro lado, hoje já bastante sabido que a Idade das Trevas é uma visão distorcida da História. A contribuição medieval da Igreja para a construção do mundo ocidental é gigante e não caberia aqui nesses comentários. Há muitas obras relacionadas ao assunto. É só pesquisar a contribuição dos monges e papas cientistas nessa época e se saberá de onde vem muito do conhecimento de várias áreas, como arquitetura, música, direito, astronomia, matemática, física, economia, etc. Também se saberá quem preservou o conhecimento e as línguas clássicas da destruição bárbara. Como então, a Igreja poderia perseguir a ciência, quando seus próprios filhos eram seus grandes guardiões? Isso sem falar no sistema universitário que perdura até hoje e nas inúmeras instituições universitárias da Europa que se mantém até a atualidade.

Caroline Faria"Galileu Galilei foi um exemplo bastante famoso da insanidade cristã na Idade Média: ele foi perseguido por afirmar através de suas teorias que a terra girava em torno do sol e não o contrário. Mas, para ele o episódio não teve mais implicações. Já outros como Giordano Bruno, o pai da filosofia moderna, e Joana D’Arc, que afirmava ser uma enviada de Deus para libertar a França e utilizava roupas masculinas, foram mortos pelo Tribunal do Santo Ofício."

Galileu não foi perseguido por causa de sua teoria, mas sim das implicações e provocações teológicas que promoveu. Afinal, na mesma época o Papa era um cientista e seu amigo, além do fato de que conceitos astronômicos nunca foram verdades de fé. A discussão referente ao tema é bem longa. Se não tiverem preguiça pode-se ler um artigo que trata bem do tema, na página (http://www.doutrinacatolica.com/modules/news/article.php?storyid=767&page=0).

Quanto à história de Giordano Bruno não a conheço, então ao contrário da autora, deixo de comentar o que me é alheio. Mas pelo que já ouvi falar, este foi um agitador, julgado sem segredos pelos seu erros.
Já o comentário sobre Joana D’arc é outra manifestação de vadiagem intelectual. A francesa foi morta por mais por motivos políticos por pressão da Inglaterra. Não era uma herege. Tanto que a revisão do seu processo começou logo em seguida, em meados de 1456, sendo ela inocentada pelo Papa Calisto III, e considerado nulo o processo que a condenou. No começo do século XX a Igreja autorizou sua beatificação e, em 1920, foi canonizada pelo Papa Bento XV.

Caroline Faria"Uma lista de livros proibidos foi publicada, o ”Index Librorum Prohibitorum” através da qual diversos livros foram queimados ou proibidos pela Igreja."

Não sei que salada a autora tentou fazer aqui, mas a lista dos livros não recomendados aos fiéis foi dada pelo Concílio de Trento, no século XVI, como reação ao avanço protestante. Até metade do século passada foi publicada uma atualização do index. E qual é o mal de a Igreja alertar seus fiéis (isso mesmo, bando de caras de pau, alertar os SEUS fiéis), para o repúdio de certas obras, pelos mais variados motivos incompatíveis com a fé e a moral cristã? Não são obras científicas, mas hereges, pagãs, promíscuas...

Caroline Faria"O Tribunal era bastante rigoroso quanto à condenação. O réu não tinha direito à saber (sic) o porquê e nem por quem havia sido condenado, não tinha direito a defesa e bastavam apenas duas testemunhas como prova."

Como o réu não sabia de nada, era condenado à revelia, sem defesa? Como já escrito havia fases no processo (Prédica solene, Edito de perdão, Edito de Fé, Auto de Fé), que possibilitavam justamente a defesa e a oportunidade de conversão, ao contrário do poder civil e do povo que condenavam sem aprofundamento. O Estado e os populares, já não mais podiam condenar desenfreadamente e fundamentar suas perseguições em motivos religiosos sem a intervenção da Igreja. Isso foi uma evolução para a época, pois ao contrário, possibilitava sim a defesa do acusado.

Caroline Faria"O pior período da Inquisição foi durante a chamada Inquisição Espanhola (Século XV ao Século XIX). De caráter político, alguns historiadores afirmam que a Inquisição Espanhola foi uma forma que Fernando de Aragão encontrou de perseguir seus opositores, conseguir o poder total sobre os reinos de Castela e Aragão (Espanha) e ainda expulsar os judeus e muçulmanos."

Sim, é bem conhecida a tese de que o Reinado na Espanha se utilizou da Inquisição como instrumento político e de unificação ibérica, até mesmo pelo fato de o país ter acabado de se libertar do jugo islão e judeu. Agora dizer que teve por objetivo perseguir heresias em nome de dogmas católicos é colocar sardinha no meio do arroz doce.

Contudo, por outro lado, a pesquisa histórica hoje já questiona se esse realmente foi o pior período. Há um documentário da BBC, bem interessante nesse sentido que mostra como países protestantes deturparam a imagem da Inquisição na Espanha devido a interesses comerciais e políticos. (A primeira parte, de um total de quatro, pode ser acessada nesse link: http://www.youtube.com/watch?v=aGa1OXZZqBg).


O texto completo, com a opinião do autor, pode ser encontrado AQUI.
A matéria no site InfoEscola, pode ser lida AQUI.

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