quinta-feira, 21 de abril de 2011

A graça do Motu Proprio

Apesar de tantos insucessos pastorais e de tanta desorientação reinante, vemos a impressionante e misteriosa ação de Deus acontecendo na nossa história. A meu ver, o Pontificado de Bento XVI já está registrado como uma reviravolta destes fatos penosos que recaíram sobre a Igreja nos últimos 50 anos, que, aliás, não foram senão um resultado do trabalho sutil que se realizou desde o Renascimento. Podemos visualizar claramente um duplo golpe que o Magistério do atual Pontífice lançou sobre este mistério da iniqüidade. (II Tes. 2,7)  

Como as pequenas pedras que Davi usou para vencer o gigante, o Santo Padre, com pequenas afirmações, já nos deu todo o recurso para fazer desabar o inimigo aterrador. A primeira, num famoso discurso à Cúria Romana em que se consagrou a expressão: “hermenêutica da continuidade”. Ora, a força do Concílio era justamente a autorização para a descontinuidade. Quando o Papa falou nestes termos, brilhou o Espírito Santo, anulando toda treva do erro que está contido em qualquer ensinamento que não mantém a mesma linha da doutrina tradicional da Igreja. Isto já foi o fim do fantasma Vaticano II, entendido como ruptura ou Igreja nova que já podemos sepultar de vez…

Outro golpe de mestre foi, sem dúvida o Motu Proprio Summorum Pontificum (vejamos que nome significativo!) Afirmar que o “Rito da Missa de São Pio V nunca foi abolido” significou dizer: toda esta reforma litúrgica não foi capaz de se impor como verdadeira liturgia católica. De fato, muitas liturgias antigas foram superadas por reformas e nunca mais ressurgiram! Restaurar oficialmente o chamado “Rito Extraordinário” foi um fato inédito que reconheceu que o novo rito não deu certo. 

De fato, o Papa surpreendeu a muitos que foram formados na mentalidade de que o novus ordo teria substituído para sempre a missa antiga, por isso tanto ódio ao Motu Proprio. Não tenho receio em afirmar que isso significou um golpe mortal no esquema litúrgico produzido nos escritórios do Concilium. É só questão de tempo… 

No sonho do Rei que Daniel interpretou, havia uma enorme estátua de cabeça de ouro, peito de prata, ventre de bronze, pernas de ferro e pés de barro. Uma pequena pedra (a missa de sempre) se deslocou da montanha (Pedro), sem mão de homem (pois esta missa não foi feita por mão de homem) e batendo nos pés de barro (a geração atual) fez toda a estátua (modernismo) se reduzir a migalhas sem deixar sinal algum. (Dn. 2, 31-35) Esta estátua é o ídolo que o homem colocou para ser adorado na Igreja. O culto ao próprio homem, que é a essência do Vaticano II. A abominação da desolação! (Mt. 24, 15) 

Teve, no entanto, um fim muito dramático: cada geração foi perdendo a força, representada pelos materiais, até que veio esta pedrinha (a missa verdadeira) para destruir esta idolatria e restituir o verdadeiro culto a Deus realizado pela sua Igreja.

(Trecho retirado da Carta aberta a todos os católicos tradicionais)
Mosteiro Santo Elias, 21 de Abril de 2011, Quinta-feira Santa.

Frei Tiago de São José

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